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Trigêmeos perdem mãe, avó e tia para Covid-19 no interior de SP

Depois de perderam a mãe, a avó e a tia vítimas de complicações da Covid-19 no mês passado, os trigêmeos Pedro, Paulo e Felipe, 5, moradores de Parisi, cidade a 550 km de São Paulo, foram adotados e estão sob os cuidados do tio materno, o vendedor Douglas Junior Faria Amaral, 26, e da mulher, Luana Amaral, 25.

Para ajudar a nova família uma campanha virtual foi lançada na sexta-feira (2) com o objetivo de arrecadar R$ 90 mil. O valor será destinado à construção de um quarto para os irmãos e para a compra de um carro de sete lugares para a família.

Douglas e a mulher moram na cidade de Votuporanga em uma casa de pouco mais de 50 metros quadrados com a filha de um ano e sete meses. O imóvel, que é financiado, tem apenas dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Devido à falta de espaço os trigêmeos estão dormindo em colchões improvisados no quarto do casal.

“A nossa vida deu uma reviravolta e eu, que tinha apenas uma filha, hoje eu ganhei mais três filhos. A ficha ainda não caiu, mas estamos fazendo de tudo para que eles se sintam amparados e amados”, diz o vendedor.

Por ser o único familiar materno a sobreviver e ser a pessoa com contato mais próximo das crianças, o tio, que também é padrinho dos meninos, está com a guarda temporária dos trigêmeos e já entrou com o pedido de guarda definitiva. As crianças já haviam perdido o pai em outubro do ano passado vítima de um acidente de moto.

“Eles têm um irmão de 18 anos de um relacionamento anterior da mãe, mas ele é muito jovem e não tem condições de assumir essa responsabilidade. Já por parte do pai eles têm uma tia que está nos ajudando e apoiando nossa decisão”, diz Amaral.

Depois que a família acolheu os trigêmeos e a história se tornou conhecida, por meio das redes sociais, eles passaram a receber doações de moradores da cidade e também de pessoas de longe que se sensibilizaram com a situação. O vendedor relata que um brasileiro que mora nos Estados Unidos entrou em contato para ajudar, além de pessoas de diversos estados brasileiros.

“Recebemos muitos alimentos, roupas, sapatos e brinquedos. Diversos profissionais, como arquitetos, eletricistas, pedreiros já nos procuraram e ofereceram os serviços gratuitamente para a construção do quarto das crianças. Além disso, ganhamos tijolos e outros materiais. O meu telefone não para mais de tocar. Tem muita gente doando e fazendo questão de ajudar os meninos”, relata Douglas.

Entre as doações, uma que chamou a atenção do vendedor foi a feita por um morador da própria cidade. Humilde, um senhor foi até a casa da família para contribuir com R$ 9.

“O senhor disse que ele era pobre, mas que queria ajudar os meninos. Foi uma cena que jamais vou esquecer na minha vida”, lembra o tio.

Na Páscoa as crianças também ganharam diversos presentes. Além de cerca de 30 ovos de chocolates, três bicicletas foram doadas e entregues na casa da família. “Apesar de tanta dor, eles estão se sentido bastante amados”, conta ele.

Até o fechamento dessa reportagem, a vaquinha virtual (https://voaa.me/trigemeos-orfaos-covid) para os trigêmeos já havia arrecadado pouco mais de R$ 93 mil.

Mesmo superando a meta, a campanha para os trigêmeos continua ativa e o valor arrecadado a mais será destinado para a educação das crianças e acompanhamento psicológico deles.

Em menos de oito dias, a avó, a mãe e a tia dos trigêmeos morreram vítimas de complicações causadas pela Covid-19, no mês passado.

A avó Valentina Peres Machado, 66, foi a primeira a ser internada na Santa Casa de Votuporanga (SP) no início de março, quando foi diagnosticada com a doença. Ela e as duas filhas, Ana Paula Faria, 36, mãe dos trigêmeos, e Karina Angélica Faria, 33, também haviam sido contaminadas, mas, por apresentarem sintomas leves, seguiam com o tratamento médico em casa.

No entanto, Karina e Ana Paula tiveram os quadros agravados e também precisaram ser internadas. Karina foi a primeira a não resistir às complicações da doença e morreu no dia 13 de março. Três dias depois, a outra irmã e mãe dos trigêmeos, Ana Paula, também não resistiu. A última a vir a óbito foi a avó Valentina que morreu uma semana depois das filhas, no dia 21 de março.

O irmão mais velho dos trigêmeos, de 18 anos, também foi infectado. Ele também precisou ser internado e se recuperou da doença. Já o tio e a esposa não tiveram a doença.

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